sábado, 1 de maio de 2010

Você é a doença e eu sou a cura

Por mais que eu gostasse vez ou outra de fingir quando estava na escola, eu nem me lembrava da última vez que tive febre. Hoje, depois de inexplicavelmente me sentir como se tivesse sido atropelado por um caminhão e apagar duas vezes, resolvi tirar minha temperatura. Qual foi minha suspresa quando o termômetro marcou 38 graus e meio.
Ficar doente é uma merda. Nunca tive uma doença séria o suficiente para me fazer questionar meu futuro depois dos 4 anos, quando tive um caso de desidratação E febre de 40 graus, por que o mundo é legal assim. Consequentemente, ter uma doença e só chato e não um desafio de vida ou morte, com altas histórias emocionantes para contar no fim de uma novela do Manoel Carlos.

"Quer saber, ter doenças muito sérias é bem superestimado"

Por outro lado, isso me fez pensar que na maior parte das vezes as pessoas não morrem mais de alguma doença "clássica", não como antigamente. Na verdade, se você não viver num buraco no terceiro mundo, se não transar sem camisinha, se tiver saneamento, se não tiver alguima doença crônica bizarra,  etc...não existe muito mais do que se possa morrer prematuramente além de doenças cardíacas,.derrames e câncer. E de acordo com algumas pesquisas aí, não são doenças tão distantes de ser curadas.
Acho que então a pergunta se torna: E então? E se acharmos a cura? Nós vamos todos ir ficando cada vez mais decrépitos até morrermos com o menos resfriado? será que vamos ter que reconhecer que tem um certo momento que nosso corpo vai parar de funcionar, tipo passar da validade? Qual é a graça de chegar até os 120 anos parecendo o Mun-Rá e sendo tão frágeis quanto porcelana numa batalha de caminhão monstro?
Eu não acredito que a distopia de um mundo futuro será a do deserto pós guerra nuclear ou da infestação de zumbis - por mais irado que esse último seja - mas sim a do mundo que parará de funcionar por ter velhos demais e gente jovem de menos. Será tipo um "Filhos da Esperança", onde pessoas com menos de 20 anos serão glorificadas simplesmente por terem menos de 20 anos. Altos conflitos entre imigrantes e nativos, pobreza e abandono generalizado, seitas fundamentalistas abundando, etc..etc...
Ou talvez tenhamos um mundo muito legal totalmente automatizado, sei lá. Acho que febre e dor de cabeça são bons para delírios pós apocalípticos. Não duvido que o roteirista de Mad Max escreveu o filme de cama, tomando canja de galinha.
Afinal, prudência, canja de galinha e disputas até a morte por gasolina não fazem mal a ninguém.


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Ditadura do proletariado